Olá CenterUdi! Estou fazendo minha primeira postagem no blog e espero que gostem! Sei que estamos há um tempinho sei postar nada, mas com o recesso do final de ano as coisas se acumularam.
Hoje vou falar sobre um artigo da Valquíria Padilha do Departamento de Administração da USP, intitulado
"A Sociologia vai ao Shopping Center ", afinal dentro da disciplina de Antropologia, isso é super importante não é?
Bom, o artigo começa indagando o porque do sucesso do shopping center, qual a razão de ser tão frequentado, o que achei interessante, pois em mundo em que se pode comprar tudo pela internet, ou seja, sem sair de casa, o que nos faz adorar "bater perna" no shopping?
A autora usa o terma "mundo de dentro" para definir o shopping center como sendo um mundo totalmente diferente do "mundo de fora"- que é a realidade em si - e esse mundo de dentro é um lugar sem muitos problemas e repleto de lazeres para nos proporcionar.
Ela cita o autor Richard Sennett para explicar que o capitalismo criou uma mudança de foco nas pessoas, que agora procuram mais significados em objetos do que em outras pessoas. O que impulsiona a sociedade hoje em dia é o consumismo, e para isso, tem de haver produção. Para quem produz, é interessante a rápida obsolência dos produtos, para se vender cada vez mais, ou seja, produtos cada vez mais descartáveis.
Então começa a surgir uma possível resposta para a pergunta feita no início do texto: as pessoas não vão ao shopping somente para comprar, mas também pelo lazer. E segundo a autora, isso se dá pelo fato de que hoje em dia, até mesmo a diversão tem um preço. Valquíría considera essa forma de lazer alienante, já que
"leva ao distanciamento dos sujeitos deles próprios, da obscurecida essência humana, ao mesmo tempo em que não possibilita a livre criatividade, a autonomia, a convivência desinteressada..." .
Continuando a análise, a autora toca em um problema de política social considerando que o lazer não é ainda um direito social do ser humano, então os shoppings se aproveitam dessa brecha para estimular a venda do negócio.
A autora recorre a Adorno para explicar que dentro do shopping, deixamos de ser cidadãos para sermos consumidores, ocorre uma semi-formação, pois ao adentrá-lo as pessoas afastam de si mesmas e ficam alheias à vida pública; tudo no shopping é mercantilizado, inclusive o tempo.
O shopping tenta criar um lugar de consumo abrangendo vário setores (alimentação, serviços, lazer) "
para uma população seleta de seres “semiformados”, incompletos, que aceitam fenômenos historicamente construídos como se fizessem parte do curso da natureza."
Então percebe-se um paradoxo dentro do shopping, pois ao mesmo tempo que é um lugar de encontro e cheio de pessoas, ele reforça cada vez mais a individualidade. Padilha compreende um ser emancipado
"aquele que identifica as necessidades individuais com as da coletividade, sem colocá-las em campos opostos. Assim, o ser emancipado sabe agir pensando nos outros, no presente e no futuro."
Em resumo, o shopping que era pra ser um lugar de reunião de pessoas, acaba as afastando ainda mais e transmitindo valores que refletem a sociedade de consumo da qual fazemos parte hoje em dia. Vale a pena ler esse reflexão da autora de um lugar muito presente em nossas vidas.
A IMAGEM NÃO É DE NOSSA AUTORIA.
O artigo completo você encontra aqui:
http://www.faccamp.br/letramento/2013/1sem2oficina/a_sociologia_vai_shopping-valquiria_padilha.pdf. Ele foi originalmente publicado na Revista Ciência Hoje – Vol.40- nº 237 em maio de 2012.
Aqui você encontra o livro O Declínio do Homem Público, citado no artigo:
http://livraria.folha.com.br/livros/sociologia/declinio-homem-publico-richard-sennett-1019664.html
Postada por Amanda Lima.