Em um blog que fala
sobre um shopping, não há como não discutirmos aqui um dos assuntos mais
comentados na mídia atualmente e que gera opiniões diversas. Ainda em tempo,
vamos falar dos rolezinhos. E claro,
para começar vamos entender o que é este movimento.
Os rolezinhos são encontros marcados pela internet
por adolescentes e começou em dezembro do ano passado. Normalmente os
participantes são jovens pobres, a maioria negros, querendo se divertir. No
começo, os eventos eram convocados por cantores de funk, em resposta a um
projeto de lei que proibia bailes do estilo musical nas ruas da capital
paulista.

Os
eventos continuam a ser promovidos, mas agora por todo o país, como forma de
protesto contra o preconceito e segregação social.
Há opiniões para todos os gostos em
relação aos rolezinhos. Há quem afirme que é um movimento político e quem diga
que é apenas uma diversão destes jovens.
Mas o que mais diverge é : os
participantes do rolezinho são pobres coitados injustiçados que querem protestar contra a
discriminação da periferia, atacando a ilusão consumista da classe média? Ou
são baderneiros criminosos, dignos de punição, que ameaçam a segurança daqueles
cidadãos de bem que se aquartelaram em shoppings centers para poderem fazer
suas compra? Visões de esquerda e de direita à parte, uma coisa é certa, há muito
o que refletir nessa história toda.
Para ajudar na
compreensão dos fatos, vamos à uma visão antropológica do movimento.
"É uma questão de não
ser invisível, de aparecer, estar presente, participar desse mundo que eles
imaginam que seja o mundo do consumo, do shopping." É assim que o
antropólogo Everardo Rocha, que tem estudos sobre a relação entre consumo,
culturas juvenis e espaço urbano, analisa o fenômeno dos "rolezinhos".
Rocha é professor da pós-graduação em comunicação da PUC-Rio
Para Alexandre Barbosa
Pereira, professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp): “É muito
mais um espaço de encontro, de azaração, de paquera num local de prestígio da
nossa sociedade, que é o shopping center. A motivação é essa. Agora,
indiretamente, inclusive pela reação que teve a esse evento, a gente pode
pensar em uma série de recados que eles estão deixando sobre a desigualdade da
sociedade, um preconceito muito forte de classe, de raça, e, por outro lado, de
certa forma, um pouco essa cidadania pautada só no consumo.”
“O pobre no shopping repete
a mimeses de Bhabha. A classe média vê os sujeitos vestindo as mesmas marcas
que ela veste (ou ainda mais caras), mas não se reconhece nos jovens cujos
corpos parecem precisar ser domados. A classe média não se reconhece no Outro e
sente um distúrbio profundo e perturbador por isso. Não adianta não gostar de
ver a periferia no shopping. Se há poesia da política do “rolezinho” é que ela
é um ato fruto da violência estrutural (aquela que é fruto da negação dos
direitos humanos e fundamentais): ela bate e volta. Toda essa violência cotidiana produzida
em deboches e recusa do Outro e, claro também por meio de cacetes da polícia,
voltará a assombrar quando menos se esperar.” Rosana Pinheiro-Machado é
cientista social e antropóloga. Professora de Antropologia do Desenvolvimento
da Universidade de Oxford.
Há muitos pontos a serem considerados nesta
história, e dois lados com seus pontos de vista. Não se sabe até que ponto um
está certo e outro errado, mas vamos continuar acompanhado e ver como vai terminar
esta onda. Mas segundo a Abrasce (A Associação Brasileira de
Shopping Centers (Abrasce) o susto provocado pelo fenômeno acabou e não
impactou o faturamento dos shoppings. E você, internauta? Qual sua opinião
sobre os rolezinhos? Deixe seu comentário aqui!
Você pode ler as matérias com os antropólogos na íntegra nos links:
Postado por Amanda Lima
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