sábado, 1 de fevereiro de 2014

Os rolezinhos

Em um blog que fala sobre um shopping, não há como não discutirmos aqui um dos assuntos mais comentados na mídia atualmente e que gera opiniões diversas. Ainda em tempo, vamos falar dos rolezinhos.  E claro, para começar vamos entender o que é este movimento.
Os rolezinhos são encontros marcados pela internet por adolescentes e começou em dezembro do ano passado. Normalmente os participantes são jovens pobres, a maioria negros, querendo se divertir. No começo, os eventos eram convocados por cantores de funk, em resposta a um projeto de lei que proibia bailes do estilo musical nas ruas da capital paulista.
Os eventos continuam a ser promovidos, mas agora por todo o país, como forma de protesto contra o preconceito e segregação social. 
Há opiniões para todos os gostos em relação aos rolezinhos. Há quem afirme que é um movimento político e quem diga que é apenas uma diversão destes jovens.
Mas o que mais diverge é : os participantes do rolezinho são pobres coitados injustiçados que querem protestar contra a discriminação da periferia, atacando a ilusão consumista da classe média? Ou são baderneiros criminosos, dignos de punição, que ameaçam a segurança daqueles cidadãos de bem que se aquartelaram em shoppings centers para poderem fazer suas compra? Visões de esquerda e de direita à parte, uma coisa é certa, há muito o que refletir nessa história toda.
Para ajudar na compreensão dos fatos, vamos à uma visão antropológica do movimento.

"É uma questão de não ser invisível, de aparecer, estar presente, participar desse mundo que eles imaginam que seja o mundo do consumo, do shopping." É assim que o antropólogo Everardo Rocha, que tem estudos sobre a relação entre consumo, culturas juvenis e espaço urbano, analisa o fenômeno dos "rolezinhos". Rocha é professor da pós-graduação em comunicação da PUC-Rio

Para Alexandre Barbosa Pereira, professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp): “É muito mais um espaço de encontro, de azaração, de paquera num local de prestígio da nossa sociedade, que é o shopping center. A motivação é essa. Agora, indiretamente, inclusive pela reação que teve a esse evento, a gente pode pensar em uma série de recados que eles estão deixando sobre a desigualdade da sociedade, um preconceito muito forte de classe, de raça, e, por outro lado, de certa forma, um pouco essa cidadania pautada só no consumo.”

“O pobre no shopping repete a mimeses de Bhabha. A classe média vê os sujeitos vestindo as mesmas marcas que ela veste (ou ainda mais caras), mas não se reconhece nos jovens cujos corpos parecem precisar ser domados. A classe média não se reconhece no Outro e sente um distúrbio profundo e perturbador por isso. Não adianta não gostar de ver a periferia no shopping. Se há poesia da política do “rolezinho” é que ela é um ato fruto da violência estrutural (aquela que é fruto da negação dos direitos humanos e fundamentais): ela bate e volta. Toda essa violência cotidiana produzida em deboches e recusa do Outro e, claro também por meio de cacetes da polícia, voltará a assombrar quando menos se esperar.” Rosana Pinheiro-Machado é cientista social e antropóloga. Professora de Antropologia do Desenvolvimento da Universidade de Oxford.

Há muitos pontos a serem considerados nesta história, e dois lados com seus pontos de vista. Não se sabe até que ponto um está certo e outro errado, mas vamos continuar acompanhado e ver como vai terminar esta onda. Mas segundo a Abrasce (A Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce) o susto provocado pelo fenômeno acabou e não impactou o faturamento dos shoppings. E você, internauta? Qual sua opinião sobre os rolezinhos? Deixe seu comentário aqui!

Você pode ler as matérias com os antropólogos na íntegra nos links: 



Postado por Amanda Lima




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